Para dar continuidade ao Projeto de interação estética com os Povos Tradicionais, depois da primeira experiência com o Povo Quilombola, o artista segue a proposta original de interagir esteticamente com os três Povos Tradicionais: Quilombolas, Indígenas e Caiçaras, com o Projeto “Índio não quer mais apito!”.
Assim como no Quilindo Quilombo (www.quilindoquilombo.com.br), seu primeiro contato com os Povos Tradicionais no Prêmio/Bolsa Interações Estéticas, o “Índio não quer mais apito!” busca, no limite do possível, encontrar pontos de afeto entre a Cultura tradicional indígena e sua experiência artística de homem branco, ligado às práticas da linguagem audiovisual: Interação Estética!
Sem exploração de nenhuma natureza, sem opressores ou oprimidos, sem que uma Cultura se sobreponha à outra. Apenas se afetem. Interajam esteticamente.
Obviamente, a continuidade desta experiência de interagir esteticamente com os Povos Tradicionais, por si só, aumenta muito a possibilidade de encontrar o necessário ponto de equilíbrio dessas trocas, a cada nova Interação Estética.
Por exemplo, ainda que o artista e os Quilombolas tivéssem produzido uma exposição fotográfica absolutamente em conjunto, com todas as idéias do Projeto da exposição discutidas coletivamente, com prioridade, sempre, para a opinião dos Quilombolas, o que se viu nas paredes foram fotografias impressas em suporte tradicional: papel fotográfico e impressão foto-química:
“Hoje sinto falta de elementos da cultura tradicional daquele Povo na exposição: palha de milho, folha de bananeira, barro... que são elementos presentes no seu dia a dia e no seu artesanato”.
Um desafio ainda presente neste projeto com os indígenas da Aldeia Itaxim. (Davy Alexandrisky)”
O importante é que em nenhum momento este Projeto se reduziu a uma oficina de fotografia e vídeo. Mesmo porque, isto é contemplado, em parte, por um dos objetivos do Ponto de Cultura.
A proposta inicial, que foi perseguida com algum sucesso, era expandir os horizontes de possibilidades que o audiovisual – imagem e som, juntos ou separados – e a comunicação podem favorecer na estreita relação que os indígenas urbanos da Aldeia Itaxim têm com o povo branco citadino de Paraty e dos turistas do mundo inteiro, que freqüentam esta cidade histórica.
É óbvio que em algum momento se tratou de questões técnicas de captação de áudio e imagem, bem como de edição e finalização dos vídeos. Sim. Mas não como prioridade.
Promovido pela Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC) do Ministério da Cultura, em parceria com a Fundação Nacional de Artes (Funarte), o edital Bolsa Interações Estéticas promove o intercâmbio, o compartilhamento e a troca de experiências por meio de residências artísticas em Pontos de Cultura de todo o país.
Em 2012, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) e a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural/MinC apresentam a quarta edição do edital Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura.
Iniciado em 2008, no formato Prêmio, o Interações Estéticas passa agora a ter o nome de Bolsa, possibilitando a realização de projetos de diferentes segmentos artísticos por meio do intercâmbio cultural entre artistas de diversas partes do país e a rede de pontos de cultura.
Em suas três edições, 347 projetos foram contemplados abrangendo todas as regiões do país e as variadas linguagens artísticas.
Com esta iniciativa, a SCDC e a Funarte objetivam contribuir para a valorização da diversidade cultural e o fortalecimento do processo de democratização cultural em nosso país.
Sobre os pontos de cultura: http://www.cultura.gov.br/culturaviva/
Sobre o Centro de Programas Integrados: http://www.funarte.gov.br/portal/centro/artes-integradas/sobre/
Até mesmo para satisfazer a uma das exigências do Programa de Bolsa de Residência Artística, da FUNARTE/SCDC, o artista candidato à Bolsa, precisa de uma Carta de Anuência do Ponto de Cultura que o receberá para a Residência.
Isto, naturalmente, implica em prévias conversas com os gestores e coordenadores do Ponto de Cultura, para estabelecer um plano de trabalho que interaja com as suas ações.
Ocorre que entre esta primeira conversa e o efetivo começo da Residência Artística há um intervalo de tempo que pode chegar próximo a um ano.
Um tempo que, na dinâmica dos Pontos de Cultura, pode trazer muitas novidades, como a experimentada pelo Projeto Índio não quer mais apito, no Ponto de Cultura da Associação Nhandeva, que neste meio tempo foi contemplada com um Edital do IPHAN, para a construção de uma grande oca na Aldeia.
Obviamente, esta novidade, que mobilizou toda a Aldeia redesenhou inteiramente o cronograma do Projeto. A bem da verdade, melhorou muito o desenho original do Projeto, além de proporcionar uma Interação Estética muito mais rica, principalmente para o artista residente.
Um trabalho que, em princípio, seria realizado em uma organização espacial muito conhecida do artista, pela sua semelhança com a organização espacial das favelas do Rio e Niterói, acabou levando o artista a se embrenhar mata a dentro, em busca de madeira, cipó e sapê. Uma experiência, até então, inédita para o artista.
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